businessman-3042272_640

VEJA A CHANCE DE SUA EMPRESA FALIR EM 5 ANOS!

Traremos aqui alguns dados relevantes levantados pelo IBGE do período de 2008 a 2018 que irão subsidiar o entendimento do risco de uma empresa nova falir em 5 anos.

Segundo a Agência de Notícia do IBGE, em uma publicação no dia 22/10/2020, 2018 fechou com 4,4 milhões de empresas ativas no Brasil.

Nos últimos cincos anos do período da pesquisa, anualmente, mais empresas fecham do que abrem no Brasil, temos o exemplo de 2018, no qual foram abertas cerca de 699.600 empresas enquanto foram fechadas 765.600 empresas: esse dado já colabora com a chance maior de sua empresa falir do que continuar. Desde 2008 a taxa de entrada de novas empresas vem recuando e a taxa de saída de empresa vem aumentando, isso é uma sinalização do quanto é difícil empreender formalmente no Brasil e o quanto se torna mais difícil se manter empreendedor formalizado.

Nesse contexto, comparando os dados de 2008 e 2018: no ano de 2018 gerou menos 5,9% de novos empreendimentos em relação à 2008, ou seja, 2018 gerou aproximadamente menos 300.000 novas empresas. Contudo, em relação a saída de empresa do mercado, os dados de 2018 e 2008 são semelhantes, porém é importante observar que dentro do período descrito desde 2014 a taxa de saída de empresas (falência) tem se mantido superior à taxa de entradas de empresas (constituição).

Para ter noção de como ser empreendedor é uma atividade de alto risco no Brasil, em 2018 a idade média das empresas ativas era de aproximadamente 11 anos e 7 meses (vamos arredondar para 12 anos), um tempo estimado de vida bastante curto: imagine você que está abrindo um negócio agora, sabendo que, se o seu empreendimento mantiver a média de vida das empresas brasileiras, estará fechado em 12 anos.

Em 2018, 17,4% das empresas que iniciaram o ano ou que foram constituídas no decorrer do ano fecharam as suas portas antes de findá-lo. Já, das que sobreviveram, 84,1% iniciaram o ano e 15,9% foram abertas no transcorrer no ano. Dados demonstram que as empresas comerciais são as que têm o maior número absoluto de falência, seguido pelas empresas da indústria da transformação. Por outro lado, as empresas da área de serviço são as que têm mais contribuído em números absolutos para a entrada de novos empreendimentos do período do estudo.

Se formos analisar apenas os dados anuais de 2018, onde 84,1% das empresas sobreviveram, aparentemente, abrir uma empresa não é tão arriscado, mas, infelizmente, com o passar do tempo, os dados não se mostram tão favoráveis, principalmente para as micro e pequenas empresas. Vejamos o que aconteceu ao longo do tempo com os negócios, de um modo geral, que foram constituídos em 2013:

  • 71,9% dos novos empreendimentos sobrevivem ao seu 1º ano de vida;
  • 61,0% desses negócios conseguiram chegar ao final do 2º ano de vida;
  • 51,5% dos empreendimentos chegaram ao final do 3º ano de vida;
  • 44,1% foram em frente e chegaram ao final do 4º ano de vida, e;
  • 36,3% apenas chegaram ao final do 5ª ano de vida.

Portanto, 63,7% das empresas que abriram em 2013 já estavam falidas ao final de 2018, aproximadamente, 6 a cada 10 novos negócios. Assim, dos 871.663 novos empreendimentos de 2013, apenas 316.413 empreendimentos conseguiram chegar ao final de 2018 e poucos chegarão ao final de 2024, tendo em vista a vida média das empresas brasileiras de, aproximadamente, 11,6 anos, ou seja, daqui a menos de 4 anos, a considerar a data de hoje (06/2021), esses empreendimentos provavelmente estarão fechados.

Infelizmente, esses números tendem a piorar em relação ao porte da empresa, pois quanto menor o porte da empresa, maior será a chance de sua falência. Se consideramos o porte da empresa segundo a quantidade de funcionários registrados, temos os seguintes dados:

  • No primeiro ano, 35,5% das empresas sem funcionário registrado faliram em comparação com 8,8% das empresas que tinham de 1 a 9 funcionários registrados e com 3,9% das empresas que possuíam mais do que 10 funcionários registrados.
  • Já no final do 5º ano de abertura, a situação é desesperadora para as pequenas empresas, pois 70,1% das empresas sem funcionário registrado faliram em comparação com 47,3% das empresas que tinham de 1 a 9 funcionários registrados e com 37,5% das empresas que possuíam mais do que 10 funcionários registrados. 

Creio que você agora pensaria um pouco mais antes de abrir uma empresa. Não que você não deva abrir, mas é necessário se preparar melhor para empreender. Não deixe o seu sonho se desfazer, porém se prepare melhor para fazê-lo.

Tanto que, estudos tem indicado que a falência das empresas, principalmente das micro e pequenas, possui relação direta com a condução estratégica do negócio, contrariando o senso comum que liga a falência à insuficiência de recursos, sejam eles financeiros ou produtivos, como é o caso do estudo de Ferreira et al de 2012. Esses estudos apontam que, dentre outras variáveis, o empreendedor de sucesso valoriza as ferramentas de gestão e as informações financeiras e contábeis.

Diante desse contexto e com objetivo de enfrentamento da falência,  a partir de hoje iremos nos debruçar sobre esse tema com foco na Micro e Pequena Empresa, compartilhando informações ímpares que ajudarão ao micro e pequeno empresário abrir um novo negócio e mantê-lo saudável por muito mais do que 12 anos, sendo os outliers[1] dessa horrível média brasileira.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Demografia das Empresas: em 2018, taxa de sobrevivência das empresas foi de 84,1%. Agência IBGE Notícias, 2020. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/29206-demografia-das-empresas-em-2018-taxa-de-sobrevivencia-das-empresas-foi-de-84-1#:~:text=Demografia%20das%20Empresas%3A%20em%202018,%25%20%7C%20Ag%C3%AAncia%20de%20Not%C3%ADcias%20%7C%20IBGE>. Acesso em: 31 de mai. de 2021.

FERREIRA, Luiz Fernando Filardi… [et al.]. Análise quantitativa sobre a mortalidade precoce de micro e pequenas empresas da cidade de São Paulo. Gestão e Produção, São Carlos, v. 19, n. 4, p. 811-823, 2012. Disponível em <https://doi.org/10.1590/S0104-530X2012000400011>.  Acesso em: 31 de mai. de 2021.

NASCIMENTO, Marcelo… [et al.]. Avaliação de desempenho de micro e pequenas empresas fundamentada na metodologia MCDA-C na cidade de Lages. Future Studies Research Journal, São Paulo, v. 5, n. 2, p. 79-112, 2013. Disponível em <http://dx.doi.org/10.24023/FutureJournal/2175-5825/2013.v5i2.125>.  Acesso em: 31 de mai. de 2021.


[1] Outliers são dados que se distanciam radicalmente de todos os outros, são pontos fora da curva normal, valores que fogem da normalidade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Shopping Cart